O que é design?
Logotipos, layouts, carros, equipamentos, posters, e até
mesmo o seu computador. O design está em todos os lugares, dando um novo ponto de vista há tudo que existe.
A habilidade de renovar tudo visualmente acaba de chegar ao GIMP Brasil. Afinal, não vale nada saber como a mão funciona se não sabe como fazer ótimos desenhos com ela.
Pra estreiar essa nova categoria, eu to trazendo aqui um texto da Superinteressante (edição 220) pra entendermos melhor o que é design, e porque ele é tão importante pra quem meche com edição de imagens.
“Como a beleza é fundamental, eis que surgiram os designers para colocar o belo na nossa vida cotidiana. Eles são os responsáveis por fazer dos objetos muito mais do que meros utensílios – os objetos devem ser também capazes de melhorar nossa vida, de deixá-la mais bonita.
A definição de design é controversa até mesmo entre os designers. É algo bem parecido com aquela velha discussão sobre o que é arte. O Dicionário Aurélio define design como “concepção de um projeto ou modelo”. Steve Jobs, presidente-executivo da Apple, ccostuma dizer que o design é “a alma das criações humanas”.
Não foi à toa que ele ergueu a empresa investindo na fabricação de computadores esteticamente irresistíveis. Hoje em dia, comprar um produto com a logomarca da empresa, a maçã mordida, é sinônimo de modernidade, status. E não pense você que foi só a Apple que percebeu o quanto a beleza vende.
Num mundo em que a eficiência, durabilidade e qualidade dos produtos são semelhantes, de que forma é possível chamar a atenção do consumidor? Pela beleza, pela diferença – pelo design. Portanto, as empresas têm apostado todas as fichas no negócio, a ponto de consultores e analistas atestarem que vivemos na economia do design. Afinal de contas, está nas mãos dos designers o po-der de criar coisas dirigidas para nos agradar e assim nos convencer – ou não – a comprar algo.
Ou seja: eles influenciam diretamente a forma que gastamos nosso dinheiro. “Como a criatividade acaba sendo o motor do crescimento econômico, a classe criativa [da qual fazem parte os designers] está se tornando a classe dominante da nossa sociedade”, escreve Richard Florida, professor de economia na Universidade Carnegie Mellon, na Pensilvânia (EUA), no livro The Rise of the CreativeClass (“A Ascensão da Classe Criativa”, sem tradução para o português).
“Todos os objetos que criamos são uma extensão do que o nosso corpo não pode fazer”, afirma a designer Vera Damazio. “O carro é uma extensão dos nossos pés; as armas, da capacidade de nossas mãos nos proteger, e assim por diante. Foi assim que começamos a inventar as coisas, para vencer o meio, que é muito hostil.
A partir daí, é possível dizer que o design, então, está longe de ser somente a arte de fazer coisas bonitas e sedutoras. As coisas devem ser belas, sim. Ma stambém devem ser funcionais, úteis. Foram designers, por exemplo, que deram um jeito de comprimir aparelhos de emergência médica para que coubessem dentro de uma ambulância ou de um helicóptero.
Além da forma e da função, as coisas ainda têm que carregar um significado: este é o terceiro elemento do design. Se a cadeira em que você está sentado tem algum tipo de ornamento, além de exibir formas bonitas e ser confortável, ela carrega também um significado – é um instrumento de expressão do designer. Pois é aqui, no campo dos enfeites, que o mundo do design de hoje se diferenciado que era feito no passado. (…)
O design pode parecer estar em tudo, mas nem tudo o que é design faz suces-so. Para funcionar, um design precisa ser único. Os produtos que, por meio da forma, função e significado, conseguem se diferenciar dos demais certamente vão atrair nossos olhos.
É o caso, por exemplo, da inconfundível garrafínha de Coca-Cola. Ela apareceu em 1915, quando todas as garrafas de refrigerante eram rigorosamente iguais. Seu desenho ergonómico e sedutor ganhou pela diferença e virou marca registrada. O mesmo aconteceu com o frasco do perfume Chanel n° 5, um ícone no mundo da perfumaria – suas linhas retas e secas romperam um universo de frascos curvilíneos, característicos das formas femininas. “O ser humano anseia por indivi-dualização.
Ninguém quer ser massa. Todo mundo quer garantir sua identidade pessoal, sua marca, sua diferença. E assim acontece também com os produtos que escolhemos ter em casa”, dizJ oão de Souza Leite. Há quem defenda, no entanto, que o diferente pelo diferente nada quer dizer. Nem o bonito pelo bonito, muito menos o funcional pelo funcional. Então qual seria o papel do design a partirde agora? “O design tem que favoreceras relações sociais, proporcionar momentos com os outros, cuidar da sociabilidade.
Só assim ele ficará gravado na memória”, afirma Vera. Para ela, a graça da garrafa de Coca-Cola são as lembranças que ela evoca – normalmente envolvendo outras pessoas. Por isso tanto sucesso. Talvez então os designers, que já vêm controlando o que sentimos por meio de cores, formas, texturas, estejam diante de um novo desafio: provocar respostas emocionais mais profundas, cavar relacionamentos. Algo como criar guarda-chuvas bem grandes, prontos para oferecer uma carona em dia de tempestade.”
Revista SuperInteressante – Edição 220 | 10/01/06
muito bom.
Tinha que ser Super Interessante.